A fragilidade do poder

Ex-presidente João Goulart
O país estava confuso, com as notícias desencontradas sobre o golpe militar, naquele 31 de março de 1964. Havia rumores sobre a fuga do presidente João Goulart para o Uruguai. No Palácio do Planalto, reinava o caos. Toca o telefone e o jornalista Otacílio Lopes atende. – O presidente João Goulart está? – Ele não trabalha mais aqui. Assistindo à cena, o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili, finalmente se deu conta que era ele o presidente da República.
Meu mundo é a província

Ex-governador de Minas Gerais Benedito Valadares
Certa vez disseram ao mineiro Benedito Valadares que o jornal Correio da Manhã havia publicado um artigo com pesadas críticas a ele, segundo relato de Jose Flávio Abelha em seu livro “A Mineirice”. – E daí? – minimizou Valadares. – E daí, senador, é que o senhor foi muito atacado. Uma tentativa de desmoralizá-lo. Um despautério! – insistiu o bajulador. – Não tem importância. Em Pará de Minas esse jornal só tem um assinante. E ele é meu compadre…
Dever cumprido

Ex-presidente Jânio Quadros
Em 25 de fevereiro de 1961, o presidente Jânio Quadros visitava Mato Grosso, sua terra. Chamou o chefe local do DNER e mandou construir uma estrada até Guaporé. Anotou a data num papel e ordenou: “O senhor tem seis meses para construí-la. No dia exato, aqui a seis meses, espero um telegrama comunicando-me o cumprimento do dever.” O dedicado funcionário fez das tripas coração, trabalhando noite e dia, até que, na data aprazada, foi aos Correios e despachou o telegrama: “Cheguei hoje às margens do rio Guaporé. Eu cumpri o meu dever. Ass. José Azevedo, chefe do DNER Mato Grosso.” Em casa, ligou o rádio e ouviu a notícia: Jânio acabara de renunciar.