Ana Luiza Albuquerque
Folha
O influente senador Ciro Nogueira (PP-PI) está propondo um projeto para punir pesquisas que derem resultados muito diferentes da apuração dos votos. Nesse caso, as diferenças consideradas passíveis de punição são aquelas que estejam fora da margem de erro previamente estabelecida.
Ciro protocolou o projeto logo após o primeiro turno das eleições municipais de 2024 e, depois de ser lida em Plenário, a proposta seguirá para uma ou mais comissões temáticas, para parecer.
CINCO ANOS – De acordo com a proposta, que altera a Lei das Eleições (Lei 9.504, de 1997), a entidade ou empresa responsável por essa pesquisa será proibida de registrar e divulgar novas pesquisas de intenção de voto por cinco anos, e a mesma proibição será aplicada ao estatístico responsável.
É claro que muitas pesquisas são manipuladas, mas todas elas estão suscetíveis a erros. Na minha opinião, O projeto só deveria punir diferenças superiores a 6%, que equivalem ao dobro da margem de erro.
E a punição deveria ser a obrigação de fazer cinco pesquisas grátis do interesse público, sobre assuntos importantes, como educação, saúde e nutrição.
ERROS NORMAIS – A maioria dos erros não é fruto de manipulação, mas da exiguidade do universo pesquisado. Aliás, se as pesquisas não errassem, nem seria necessário fazer eleições…
Outro detalhe importante é que a chamada pesquisa espontânea é a mais confiável, porque os levantamentos que apresentam listas de opções podem induzir o entrevistado. Por exemplo, deve-se perguntar “em que você vai votar?”, ao invés de “entre esses candidatos, qual é o seu preferido?”.
Mais um detalhe: Quando há uma lista impressa para o entrevistado escolher, muitos estão propensos a indicar algum dos três primeiros nomes da relação.
P.S. – O senador Ciro Nogueira, presidente do PP, não é flor que se cheire. Trata-se de um político que enriqueceu através do voto, é dono de um jatinho e paga o combustível com verba parlamentar do Congresso. Para se garantir, colocou a mãe como primeira suplente de seu mandato. Assim, quando se tornou ministro de Bolsonaro na Casa Civil, a mãe assumiu no Senado e manteve o pagamento do combustível da aeronave do filho. E vida que segue, como dizia o grande João Saldanha, um brasileiro de verdade.