Carlos Newton
É importante, excitante e até extasiante a divulgação de parte das tórridas mensagens entre os dois ministros do momento – Anielle Franco, da Igualdade Racial, e Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, que perdeu o emprego.
São expressões e pequenas frases carregadas de paixão, que merecem ser estudadas por psicanalistas, sociólogos, filósofos, pedagogos e demais interessados nas relações humanas.
SOMENTE NELSON – Até que esses especialistas analisem a fundo os diálogos, a única saída é recorrer ao incomparável jornalista, cronista, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues. Somente ele, sempre ele, pode nos levar a entender minimamente esse relacionamento de primeiro escalão,
Interessante notar que a imprensa analógica e digital considera “normais” essas mensagens de amor e trata essa apaixonante questão com a frieza de uma missa de sétimo dia, com os jornalistas torcendo claramente para que o ex-ministro seja condenado à prisão perpétua, seguida da pena de morte, por ter tentado devassar a pureza da colega de ministério, embora ela se comporte com uma noviça mais do que rebelde.
Notem que em momento algum o Romeu e a Julieta da Esplanada dos Ministérios usaram o linguajar da elite burocrática, com “V. Exa. me permite”, “Concordo com V. Exa.” “Data vênia, conceda-me a oportunidade”, ou “V. Exa. demonstra bela aparência e extraordinária disposição”…
LINGUAJAR EXPRESSIVO –Nada disso, os dois ministros foram direto ao ponto, partiram para o popular, como se dizia antigamente, e no diálogo deles vale até falar palavrão.
Não vamos ter a deselegância de repetir as palavras chulas do enamorado casal ministeriável, mas é preciso observar que no caso anterior, no governo Fernando Collor, entre a ministra Zélia Cardoso de Mello (Fazenda) e Bernardo Cabral (Justiça) não houve esses rompantes.
Os dois ministros não davam na pinta, até que a orquestra tocou “Besame Mucho”, eles saíram a bailar um dentro do outro e todo mundo logo percebeu o que estava havendo.
PIADA DO ANO – O amor proibido entre os dois (Cabral era casado) durou pouco e virou Piada do Ano, levando Zélia a se relacionar com o humorista Chico Anysio, casar-se com ele e ter um casal de filhos.
As tórridas conversas entre Almeida e Anielle nem precisam de tradução simultânea. O que ninguém entende é por que ela resolveu denunciá-lo. Deve ter sido levada por maus conselheiros a esse gesto desesperado.
Como dizia Nelson Rodrigues, “qualquer amor há de sofrer uma perseguição concreta e assassina. Somos impotentes do sentimento do amor e não perdoamos o amor alheio. Por isso, não deixe ninguém saber que você ama”.
P.S. – Nelson Rodrigues tinha outras frases que se adaptam bem a essa situação, como “meu amor é anormal porque é sem vergonha, sem limite e sem covardia”, ou “qualquer um de nós já amou errado, já odiou errado”. Enfim, comprem pipocas, amigos e amigas.