Marcos Peixoto com consultas ao O ESTADÃO
O ministro Alexandre de Moraes não tem competência e talento para o estrelato. Quando resolveu assumir para si o papel de xerife guardião da democracia brasileira na realidade o cara desejava ganhar a popularidade de um Sérgio Moro, de um Deltan Martinazzo Dallagnol Todo esse apoio incondicional que lhe faltou, no entanto, começa a ficar constrangedor, para dizer o mínimo, diante de evidências cada vez mais consistentes de que Moraes parece que ainda crer que vale tudo em nome de uma suposta defesa do Estado Democrático de Direito, até mesmo atropelar os ritos processuais mais comezinhos. A produção de provas contra suspeitos de atentar contra a democracia fora do processo regular, como sugerem as conversas entre Moraes e seu principal auxiliar no STF, o juiz instrutor Airton Vieira, e entre este e Tagliaferro, estaria coberta por esse manto de sacralidade democrática na defesa do País contra o golpismo bolsonarista. É disso que Moraes tem se valido para contestar até mesmo seus críticos de boa-fé, que jamais devem ser confundidos com os verdadeiros inimigos da democracia que detrataram a mais alta instância do Poder Judiciário com o claro objetivo de minar sua legitimidade como guardiã da Constituição “cidadã”.
Procurador Deltan Dallagnol e o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro
Alexandre de Moraes sonhava em se transformar num fenômeno eleitoral tipo Pablo Marçal que vem crescendo não apenas em São Paulo onde é candidato a prefeito da Capital paulista, mas sua popularidade está se espalhando por todo o Brasil a ponto de ser hoje o maior problema para bolsonaristas e lulistas.
Pablo Marçal
Exposto o seu peculiar método de intercâmbio de informações entre o STF e o TSE, Moraes se apressou em associar o vazamento a uma suposta ação insidiosa de “organização criminosa” que, em sua visão, teria como objetivo desestabilizar as instituições, fechar o STF e restaurar a ditadura no País. Nada menos. Tudo papo furado, pois o que queria mesmo era sair pelo Brasil afora e ser aclamado pelo povo brasileiro como herói da pátria.
Concretamente, é forçoso dizer, se há algo em curso no País que pode, de fato, desestabilizar as instituições e, no limite, ameaçar o Estado Democrático de Direito é a atitude monocrática do ministro Alexandre de Moraes e a sua aparente incapacidade de reconhecer erros na condução de inquéritos sigilosos que há muitíssimo tempo já deveriam ter sido encerrados.
Tamanha concentração de poder em uma autoridade ou instituição é diametralmente oposta ao ideal republicano fundamental. Ao agir como se pairasse acima do bem e do mal por força exclusiva de suas eventuais virtudes morais ou boas intenções, Moraes avilta o próprio Estado Democrático de Direito que ele jura defender.
Em tempo: nem essa defesa está mais na moda junto ao povo brasileiro e nem Xandão conseguiu sair pelo Brasil afora ganhando aplausos da multidão, ao contrário, é aviltado dentro do Brasil e no exterior.