Levy Teles
Estadão
O deputado federal Pedro Aihara (PRD-MG) tornou-se o recordista em gastos com alimentação este ano na Câmara dos Deputados. Foram R$ 10 mil pagos com recurso público em restaurantes e bares apenas em um semestre. O bombeiro que virou congressista vem tentando usar o dinheiro da verba parlamentar para bancar, inclusive, bebidas alcoólicas, ainda que seja vetado pela Casa. Na lista tem até chope em Copacabana durante o Carnaval.
Aihara já comeu salmão ao molho de maracujá, em Balneário Camboriú; arroz de polvo, em Maceió e vieiras grelhadas, no Rio de Janeiro. Todas essas notas foram apresentadas para a Casa pagar.
ERRO DA EQUIPE – Procurado, o deputado informou por meio de seu gabinete que houve erro de sua equipe e vai pedir correção em relação ao pedido de ressarcimento por bebidas alcoólicas.
Na Câmara cada deputado tem dinheiro a uma verba parlamentar que varia entre R$ 36 mil e R$ 51 mil para despesas do exercício parlamentar, dependendo do quão distante o Estado do parlamentar está de Brasília. O deputado faz o gasto, pega a nota e entrega para a Casa legislativa reembolsar a despesa.
Além de pagar a alimentação, o recurso pode ser usado para pagar passagens aéreas, serviços de segurança, aluguel de automóveis, combustível e participação em cursos. Diferente de como funciona no caso do combustível, por exemplo, não há um valor limite para o gasto mensal com alimentação, mas há a restrição para o custeio.
MAIOR GASTADOR – Uma análise das despesas dos deputados feitas pelo Estadão identificou Aihara como o maior gastador com alimentação neste ano e um dos maiores no ano anterior.
Entre 2023 e junho de 2024, foram R$ 23,6 mil desembolsados da cota parlamentar em um tour gastronômico que passou pelos Estados de Santa Catarina, Alagoas, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Pará e Paraná, incluindo até mesmo o Japão. Desde fevereiro deste ano, deputados federais recebem R$ 44.008,52 mensais de salário.
Ele apresentou 16 notas fiscais que continham bebidas alcoólicas e pediu o reembolso de cinco delas. Em três ocasiões apuradas pelo Estadão, a despesa foi paga pela Câmara. Entram nessa conta um drinque alcoólico e dois vinhos.
BOAS DESCULPAS – Procurado, o deputado alegou, por meio de seu gabinete, que houve um erro técnico por parte da equipe responsável por apresentar as notas à Câmara, assim como erro da própria Câmara, que deveria ter abatido os gastos com bebidas alcoólicas.
O deputado alegou que, como presidente de comissão e de frente parlamentar, naturalmente, faz viagens para outros Estados. E disse que pedirá o ajuste de contas.
UM MINUTO POR FAVOR – O bombeiro que virou herói em Brumadinho e se elegeu deputado dá um péssimo exemplo à nação. Como dizia Tom Jobim, é a lama, é a lama, é a lama.