Carlos Newton
Imprensa amestrada é uma expressão criada por Helio Fernandes para caracterizar o comportamento dos jornalistas que se acomodam a viver às custas do poder, seja econômico, político ou social, em suas diferentes manifestações. A própria imprensa é considerada o quarto poder, mais importante do que o poder militar, embora não possa colocar tanques nas ruas.
Realmente, a função da imprensa tem um valor enorme na sociedade contemporânea e sua capacidade tende a se expandir, por ser o grande veículo de esclarecimento da sociedade. É claro que a comunicação entre as pessoas hoje é dominada pela internet, via celulares, mas a função crucial de esclarecer sempre será desempenhada pela chamada imprensa, por seus portais, sites e blogs.
Aqui no Brasil, a imprensa viveu momentos de apreensão devido à preparação do golpe que era e é considerado bolsonarista, mas na verdade estava sendo armado para evitar que uma figura execrável como Lula da Silva voltasse ao poder, após ter se livrado ilegalmente das grades.
ENIGMA BRASILIENSE – Há uma pergunta que ninguém quer responder e que ficará para sempre na História, como o enigma da Esfinge. Se o Supremo não tivesse libertado Lula e o aparelhado para voltar à Presidência, será que haveria alguma movimentação para golpe?
É claro que não. Somente houve essa perspectiva de golpe porque surgiu a ameaça da volta de Lula e tudo de ruim que ele representa, após Mensalão e Petrolão. As Forças Armadas tiveram de tapar o nariz para aceitar a candidatura dele e grande parcela dos brasileiros pensava exatamente a mesma coisa.
Aliás, quem raciocina com mais de dois neurônios, tem um mínimo de experiência de vida e não se deixa levar por fanatismos, com toda certeza sabe que Lula jamais foi “inocentado”, como diz o ministro aposentado Marco Aurélio Mello, que presenciou tudo isso no Supremo.
DEPOIS DO GOLPE – Em 2020, o Supremo assumiu um importante papel na defesa de democracia, o golpe foi um fracasso, o país logo voltou à normalidade. Mas surgiu um ponto fora da curva, porque os ministros do STF se acostumaram aos poderes excepcionais que assumiram.
“Por que o Supremo segue em mobilização permanente, como se o país vivesse num 8 de Janeiro interminável? São questões legítimas, que que nada têm de extremismo. Demandar a contenção do Supremo não é ser golpista, é só ser republicano”, desabafa o jornal Estadão.
A Folha foi ainda mais incisiva. Disse que Moraes, com decisões solitárias em inquéritos anômalos – conduzidos pelo magistrado e não pelo Ministério Público, o órgão competente –, reinstituiu a censura prévia no Brasil.
GRANDE CENSOR – “Ordens secretas de Alexandre de Moraes proíbem cidadãos de se expressarem em redes sociais. O secretismo dessas decisões impede a sociedade de escrutinar a leitura muito particular do texto constitucional que as embasa. Nem sequer aos advogados dos banidos é facultado acesso aos éditos do Grande Censor. As contas se apagam sem o exercício do contraditório nem razão conhecida”, protestou a Folha, com a devida veemência.
Também a Veja, com um artigo magnífico de Fernando Schüler, condena a atuação ditatorial de Moraes, que deixa o Brasil em má situação perante as demais nações democráticas, como se estivesse sofrendo um retrocesso institucional.
O comportamento da grande imprensa mostra que Moraes já ultrapassou todos os limites e não pode continuar a cometer arbitrariedades a três por dois, como se dizia antigamente. Chegou a hora de parar, antes tarde do que nunca.
P.S. – A iniciativa de conter os impulsos de Moraes deveria partir do atual presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, mas ele se comporta como um zumbi robotizado, a repetir indefinidamente que o Supremo salvou a democracia. Em Brasília, todo mundo sabe que no Brasil só existe uma instituição capaz de salvar a democracia – é o Estado-Maior do Exército. E o resto é folclore, como diz nosso amigo Sebastião Nery.