Igor Gielow
Folha
A invasão com depredação das sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023 foi um ato de vandalismo para a maioria dos brasileiros, 65%, segundo apurou a mais recente pesquisa do Datafolha. Para 30%, os atos foram uma tentativa de golpe de Estado.
O instituto questionou seus 2.002 entrevistados nos dias 19 e 20 de março sobre o tema, que domina a política brasileira desde então. Não souberam opinar 5% dos ouvidos em 147 cidades. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.
CONDENAÇÕES – Mais de 1.400 denúncias foram elaboradas pelo Ministério Público Federal sobre o caso até agora, e 145 pessoas já foram condenadas a penas que vão de 3 a 17 anos pelo Supremo Tribunal Federal.
O caso galvanizou uma reação institucional, e as investigações acerca das circunstâncias que levaram à apoplexia do ato golpista chegaram à porta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a partir das apurações de uma trama para mantê-lo no poder após a derrota para Lula (PT) no segundo turno de 2022.
Para o relator do caso no Supremo, ministro Alexandre de Moraes, a natureza do que ocorreu no 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe, enquanto políticos da esfera bolsonarista buscam jogar a culpa nos manifestantes, qualificando-os de vândalos sujeitos a um enquadramento legal exacerbado.
POLARIZAÇÃO – Como seria previsível no quadro polarizado brasileiro, petistas e bolsonaristas discordam acerca do que ocorreu.
Segundo o Datafolha, 77% daqueles que votaram no ex-presidente acham que o 8/1 foi um episódio de vandalismo, ante 52% dos que deram seu voto a Lula no segundo turno. Já a ideia de que houve uma tentativa de golpe alcança 46% dos eleitores do atual mandatário e 16% daqueles que apoiaram o antecessor.
Quando é questionada a preferência partidária do entrevistado, 45% dos que se dizem petistas afirmam que foi uma tentativa de golpe, enquanto 78% dos que citam preferir o PL de Bolsonaro cravam que foi ato de vândalos. Numa terceira ótica possível, a que divide o eleitorado em bolsonaristas, petistas e neutros, os resultados são semelhantes.
UM MINUTO POR FAVOR: Uma pesquisa importantíssima. Mostra que, na opinião dos brasileiros, o relator Alexandre de Moraes e o Supremo julgaram pessimamente ao classificar como “terroristas” aqueles que deveriam ser julgados por vandalismo. É inexplicável, inaceitável e injustificável esse erro do Supremo em causa tão delicada. Os ministros deveriam voltar atrás e rever os votos, mas não têm grandeza para reconhecer o erro. É lamentável.