Merval Pereira
O Globo
A intenção de Lula – evidentemente é uma estratégia montada por ele, que o PT teve que engolir – ao ceder espaço nas eleições municipais, com menos candidatos próprios, é procurar uma convivência melhor com os partidos aliados e ter mais segurança nas votações.
Isto revela que o PT não tem quadros suficientes para tentar fazer muitos prefeitos e vereadores. Está desistindo de ter penetração nacional, e procura alianças com outros partidos com mais força estadual.
PEGAR CARONA – O problema é que, mesmo que esta grande aliança dê certo na maioria dos estados e os aliados ganhem, não será uma vitória do PT – ele vai apenas pegar carona.
E é uma aceitação de que a popularidade de Lula não é mais suficiente para eleger prefeitos e vereadores e de que o PT não tem condições de impor nada no Congresso, por isso precisa fazer acordos. Mostra também como a situação do PT está difícil e complicada como nunca. Mesmo porque, do lado da direita, existem forças políticas de oposição muito fortes.
O PSD de Gilberto Kassab está se transformando numa espécie de PMDB de antigamente, com cobertura nacional, apoios diversificados e com situação mais importante do que o PT no plano nacional. Vamos ver como a estratégia de Lula funciona, mas ela mostra claramente que o PT não tem mais condições de tentar ser o grande partido nacional que já foi e que gostaria de manter.