Bruno Boghossian
Folha
Se a eleição de 2022 abriu uma cratera no cenário político, o primeiro ano de Lula no poder não produziu abalo capaz de mudar a paisagem. Entre os eleitores do petista, só 3% classificam o governo como ruim ou péssimo. No grupo que votou em Jair Bolsonaro, apenas 8% avaliam a gestão atual como ótima ou boa.
Grande parte do eleitorado se manteve fiel ao voto do ano passado. Esse apego ofereceu a Lula o conforto de uma base leal, mas também impôs um teto de popularidade em segmentos que optaram por permanecer filiados à oposição.
LEGIÃO DE INDECISOS – Números da última pesquisa do Datafolha mostram que, no meio do caminho, há um contingente que ainda pode cair para qualquer lado a depender do desempenho do petista.
Além dos 38% de avaliação positiva e dos 30% de avaliação negativa, outros 30% classificam a administração de Lula como regular.
Esse grupo costuma ser o alvo de presidentes interessados em bombar sua popularidade (todos, talvez com a exceção do irrecuperável Michel Temer). São eleitores que têm suas preferências políticas, mas são capazes de aderir a um governo dependendo de seu desempenho.
TURMA DO “REGULAR” – Nesse terço do país que enxerga o primeiro ano da gestão petista como regular, há mais brasileiros jovens e mais pobres do que ricos. Também há quase tantos eleitores de Lula quanto de Bolsonaro — o que sugere que o grupo é importante para a manutenção do apoio dado nas urnas e para a difícil missão de atrair votos do campo rival.
São eleitores que, a esta altura, se mostram mais desconfiados ou indecisos na hora de dizer o que vai bem e o que vai mal no país. Para quase todas as áreas, o índice de avaliação regular sobre o desempenho de Lula fica acima da média nacional.
A chave para a conversão ou a deserção desse eleitor é a economia. No grupo, só 9% têm uma avaliação positiva da área, bem abaixo da média geral dos entrevistados (24%). A maior parte está em cima do muro: 51% afirmam que o desempenho do governo na economia é regular.
UM MINUTO POR FAVOR: Excelente análise da pesquisa. Não foi mencionado, porém, mostrar também que uma terceira candidatura, fora da polarização, poderá chegar a um final feliz. Lula acaba de declarar que a eleição de 2026 será entre ele e Bolsonaro, mas pode estar completamente equivocado, que é, aliás, uma de suas especialidades.