Alexandre Garcia
Gazeta do Povo
Para quem está torcendo por uma CPI mista, de deputados e senadores, que investigue tudo sobre o 8 de janeiro – os acontecimentos em si, os seus antecedentes e as suas consequências –, há mais esperança, embora o presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco, esteja retardando a convocação de reunião conjunta de Câmara e Senado em que ele será obrigado a ler o requerimento que instala a CPI mista.
Por que há esperança? Porque havia uma CPI na frente, de autoria da senadora Soraya Thronicke. Ela tinha 44 assinaturas, são necessárias 27, mas os governistas recuaram e, na conferência ao fim do prazo, só 15 mantiveram as assinaturas, o que tornou a comissão inviável.
UMA CPI MISTA – Essa CPI, que era apenas do Senado, saiu da frente. Mas agora tem uma CPI mista, que o governo está fazendo todo o esforço possível para derrubar, inclusive oferecendo vantagens e liberação de emendas.
Até agora o governo só conseguiu que quatro deputados, com menos força de decisão e que não são do tempo do fio do bigode, retirassem a assinatura, para desespero de seus eleitores: um do PL do Maranhão, outro do MDB de Goiás, um do União Brasil do Rio de Janeiro e o último, do PP de Goiás.
É absolutamente necessária essa CPI, para que a gente saiba o que realmente mobilizou aquelas pessoas nos atos de 8 de janeiro.
PORTAS ABERTAS – Qual foi a razão, quais os acontecimentos que motivaram essas pessoas, para que não aconteça isso de novo, para que não haja um desagrado tão grande com as instituições brasileiras, para corrigir os erros das instituições que motivaram os cidadãos, que são origem do poder, são eleitores, pagadores de impostos e têm direito à manifestação e liberdade de opinião, como diz o artigo 5.º da Constituição.
Temos de saber por que as portas das sedes dos três poderes foram tão facilmente abertas, como perguntou o coronel Naime Barreto, comandante de operações da PM de Brasília, na CPI que já se realiza na Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Ao depor, o comandante disse que nunca viu, em 30 anos de PM, uma invasão assim tão fácil.
(artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)