Matheus Tupina
Folha
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (14) que pode voltar ao Brasil no dia 29 de março, mas que estudará a situação do país uma semana antes para tornar definitivo ou não o seu retorno.
Questionado se tentará concorrer ao Planalto em 2026, Bolsonaro respondeu afirmando que não é alvo de acusações de corrupção e mencionou a hipótese de se tornar inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por causa de reunião com embaixadores promovida no ano passado na qual criticou, sem provas, o sistema de votação. “Existe essa possibilidade de inelegibilidade, sim. A questão de prisão, só se for uma arbitrariedade”, disse.
MICHELLE CANDIDATA? – Em evento com brasileiros nos EUA, ele ainda disse que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro não é candidata a nenhum cargo do Executivo, apesar de tê-lo ajudado na campanha eleitoral e, segundo ele, ter habilidades políticas.
Sobre o retorno ao Brasil, afirmou: “Eu sempre marco uma data para voltar, a data agora marcada é dia 29 deste mês. Quando falta uma semana, a gente estuda a situação, como é que tá o Brasil, como estão os contatos aqui.”
O ex-mandatário afirmou que Michelle possui habilidades políticas, boa oratória e o ajudou na sua frustrada candidatura à reeleição. Disse também que ela chegou a “ser lançada” à Presidência para 2026, mas que “ficou revoltada”. “Não é candidata para o Executivo”, disse Bolsonaro.
CÂMARA OU SENADO – Ele, porém, não negou a possibilidade de ela disputar outros cargos, referindo-se ao Legislativo. “Ela pode realmente aí disputar um cargo eletivo”, disse, citando depois os cargos de deputada federal e senadora. A ex-primeira-dama também compareceu ao evento. Ela viajou nesta terça-feira para os Estados Unidos.
O ex-presidente aproveitou para defender os presos após os ataques golpistas de 8 de janeiro em Brasília, afirmando que eles não se enquadram em nenhum dos crimes imputados. “O objetivo, no meu entender, disso tudo, é tentar sepultar a direita que mal nasceu”, afirmou.
A fala sobre uma possível volta ao Brasil ocorre após Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu filho e senador, anunciar a volta do pai para o dia 15 deste mês, mas recuar poucos minutos depois.
ESCREVEU FLÁVIO – “Acabou a espera! Bolsonaro vem aí! No dia 15 de março, o nosso Johnny Bravo volta para o Brasil. Já pode pendurar a bandeira verde e amarela e vestir as cores do nosso País. Juntos, vamos fazer uma oposição forte e responsável, pelo bem do nosso Brasil. Deus, pátria e família!”, escreveu o primogênito de Bolsonaro.
O ex-presidente viajou para os EUA em 30 de dezembro de 2022, um dia antes de deixar a Presidência, e, rompendo uma tradição democrática, não passou a faixa presidencial para seu sucessor, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Agora, nesta terça-feira, ele e a ex-primeira dama se reencontraram pela primeira vez após o surgimento do escândalo das joias da arábia, apreendidas pela Receita Federal e que supostamente seriam para Michelle.
NOTA DA REDAÇÃO DO SITE – Bolsonaro responde a 16 processos eleitorais. Pode se tornar inelegível, é claro, mas não há possibilidade de prendê-lo, porque ainda nem existe processo criminal contra ele, que responde a vários inquéritos em andamento, mas ainda não houve denúncia formal.